PEDRO PAULO E IRMA
feira agroecológica de campo grande - campo grande, rio de janeiro
"Eu me considero uma agricultora urbana, eu acho que todo mundo que tem um quintal, que planta uma horta, que colhe alguma coisa, tem um pé de acerola, uns pés de banana é agricultora, está produzindo comida"
Irma, Feira Agroecológica de Campo Grande,
Rio de Janeiro - RJ
Írma e Pedro Paulo têm 65 e 64 anos, respectivamente, e estão juntos desde 1983. A família de Írma é composta por agricultores familiares de Minas Gerais, cuja prática agrícola sempre promoveu sua subsistência. Írma migrou para o Rio de Janeiro no início da década de 1970, onde conheceu Pedro Paulo. Juntos, eles tiveram filhos enquanto viviam na Ilha do Governador, o que motivou o casal a buscar um espaço maior para criá-los, e assim decidiram morar em um sítio em Santíssimo. Lá, iniciaram suas produções e criações, que variaram entre camarão, codorna, cabra, galinha e vaca ao longo do tempo.
O casal aprendeu a criar animais com cursos que Írma realizou na Escola de Agricultura Venceslau Belo. Atualmente, Írma e Pedro Paulo concentram seus esforços no cultivo e beneficiamento de alimentos. Írma é especialista na produção de pães, bolos e biscoitos, habilidades que aprendeu com sua mãe. Além disso, ela oferece atendimentos de homeopatia, fitoterapia, entre outros, em sua casa. Pedro Paulo é aposentado como técnico em eletrônica e dedica-se às diversas atividades agrícolas.
Atualmente, o casal faz parte da Rede CAU, onde se conectam com outros membros e constroem relações com outros agricultores. Eles se orgulham de alimentar sua família exclusivamente com alimentos orgânicos e saudáveis que produzem em seu sítio, e também adquirem produtos de outros agricultores locais e da Rede Ecológica.
ENTREVISTA
O SÍTIO PRODUTIVO E O CASARÃO DE CAMPO GRANDE
SÍTIO PRODUTIVO
Quando o casal trabalhava com a criação de animais, incluindo galinhas, codornas e vacas, eles também produziam alimentos beneficiados, como leite e queijo. O espaço atual da cozinha, que antes era utilizado como galpão para criação de codornas, foi gradualmente transformado. Após essa experiência com a criação de animais, eles optaram por focar no cultivo e beneficiamento de alimentos, com ênfase em hortaliças e frutas.
Pedro Paulo dedica-se à produção no sítio, onde nunca foram utilizados agrotóxicos, garantindo que os alimentos sejam aproveitados na cozinha industrial de Írma. Lá, ela produz desidratados, bolos, pães e biscoitos. Ao contrário do casal, os vizinhos não fazem uso agrícola dos terrenos, o que facilitou o processo de adaptação ao cultivo orgânico, uma vez que não há qualquer possibilidade de contaminação da terra. Atualmente, a produção agrícola do sítio possui certificação de produção orgânica pela ABIO.
AGRICULTURA NATURAL
Pedro Paulo e sua família são membros da Igreja Messiânica há muitos anos. A igreja tem uma forte conexão com a terra, destacando a importância de uma alimentação saudável e reconhecendo que isso só é possível através da agricultura natural. Um dos princípios fundamentais da agricultura natural é permitir que a terra seja autossustentável, dispensando assim o uso de quaisquer insumos, como compostagem ou esterco, ao contrário da agricultura orgânica, que aceita insumos desde que sejam orgânicos.
Além disso, a Igreja Messiânica também acredita que a natureza indica quais alimentos devem ser consumidos. Se algo não cresce em determinado solo, é porque não é adequado para o cultivo dessa espécie. Nesse caso, é preferível aceitar essa condição e buscar o cultivo de espécies mais adequadas, em vez de tentar alterar o solo para atender a uma necessidade específica.
Embora a família pratique a agricultura natural há muitos anos, encontrou na agricultura orgânica uma oportunidade de obter um certificado, o que foi muito importante para o aumento da renda do casal.
CASARÃO DE CAMPO GRANDE
O Casarão era um antigo posto de saúde de controle fitossanitário, sob controle da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro. No local, eram distribuídos insumos e ferramentas para a produção vegetal animal, além de acontecerem reuniões de produtores, formações e cursos de temas específicos.
Há muitos anos, a Feira Agroecológica de Campo Grande já acontecia na frente do casarão com suas barracas, sempre aos domingos. Com o intuito de continuar lutando pelo espaço do casarão, agricultores e apoiadores da feira se uniram e fundaram a Associação de Produtores Agroecológicos, Processadores, Artesãos e Amigos da Feira de Campo Grande (AAFA). Pela associação, eles conseguiram agendar reuniões com a EMATER e com as Secretarias para buscar a cessão do espaço do casarão.
O objetivo principal da associação é revitalizar o espaço do casarão, tornando-o novamente um ponto de referência na agricultura de Campo Grande. Para isso, planejam promover formações, atividades culturais e sociais, além de construir uma cozinha industrial para o beneficiamento coletivo da produção de alimentos.
BENEFICIAMENTO DE ALIMENTOS
Em casa, Írma seguia aprendizados de sua mãe, cozinhando pães, macarrão e outros alimentos artesanalmente. A produção cresceu quando amigos dos seus filhes gostaram muito dos pães que levavam de lanche para a escola, então outras pessoas começaram a fazer pedidos. Írma passou a produzir para amigos, familiares e, em seguida, começou a comercializar. Posteriormente, uniram essa produção à linha de alimentos orgânicos e concentraram-se na fabricação de alimentos beneficiados para a Feira Agroecológica de Campo Grande.
Com o tempo, transformaram o antigo galpão em uma cozinha industrial, onde Írma pode realizar beneficiamentos, desidratar alimentos, produzir pães, bolos e biscoitos. Construíram a cozinha com o objetivo de obter o SIF (Serviço de Inspeção Federal), mas devido às diversas burocracias, fizeram as adequações necessárias, mas ainda não obtiveram o certificado de conformidade orgânica para a cozinha.
Através do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) adquiriram placas solares para gerar energia para a operação da cozinha industrial.
"A agricultura é por uma questão de querer comer melhor, um viés muito forte na vida da gente. (...) Queremos uma escola boa e uma alimentação boa, então a agricultura não tem que ser de outro jeito"
Irma, Feira Agroecológica de Campo Grande, Rio de Janeiro - RJ
RAÍZES
HORTALIÇAS
GRÃOS
FRUTÍFERAS
Cana-de-açúcar, milho, cará roxo, hibisco vinagreira e alfavacão.
Banana prata, banana ouro, banana vinagre, abacate, jaca, amora, pitanga e jabuticaba, acerola, pau brasil, bambu, ingá de metro, mamão, canela, sapoti, pau ferro, umbú, cabeludinha, cacau, pitaya, laranja da terra, limão galego, abacaxi e café.
Aipim e batata doce.
Feijão guando.
ORNAMENTAIS
escala da produção
MERCADOS
INSTITUCIONAIS
FEIRAS
CESTAS/CSA
VENDA NO LOTE
TROCAS
AUTOCONSUMO
"Nossa filosofia é preferir ganhar menos e ter mais tempo pra gente. Aqui temos qualidade de vida. Pra que trabalhar que nem um condenado e depois gastar todo dinheiro com remédio para stress?"
Josefa, Verdejar, Rio de Janeiro - RJ
Destino da produção de alimentos
Frentes de comercialização não realizadas
comercialização
FEIRA AGROECOLÓGICA DE CAMPO GRANDE
Irma e Pedro Paulo comercializam a maior parte de sua produção na Feira Agroecológica de Campo Grande.
"A feira é agroecológica porque se ela fosse orgânica eu e outras processadoras não poderíamos vender na feira os pães, os doces e etc, porque teríamos que ter uma cozinha certificada. A diferença do agroecológico pro orgânico é que eu faço tudo que um orgânico faz, mas não tenho condições de pagar por uma certificação e não posso me submeter a tanta burocracia"
Irma, Feira Agroecológica de Campo Grande, Rio de Janeiro - RJ
percurso entre a casa do pedro paulo e da irma e a feira agroecológica de campo grande: 6.750 m
Tecnologias sociais (TS)
Entendemos como tecnologias sociais (TSs) aquelas produzidas para atender às necessidades de quem as produziu, ou seja, orientadas para a reprodução da vida dos trabalhadores.
TSs adotadas
A Barraca na Colônia Juliano Moreira reúne a produção das mulheres
Forma de cultivo integrado que valoriza a agrobiodiversidade, o consórcio de espécies e as especificidades de cada solo e bioma e, portanto, Livre de agrotóxicos. Prioriza circuitos curtos de produção e consumo e baseia-se em relações de trabalho digno.
HORTA
AGROECOLÓGICA
compostagem de resíduos orgânicos
processamento/
beneficiamento de
alimentos
manejo de
plantas
medicinais
SALÃO DE BELEZA
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam.
SANDRA E MARIDO
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam.
FILHO, NORA E NETOS
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam.
Tecnologias de saneamento que buscam o fechamento dos ciclos hídricos e de nutrientes.
saneamento ecológico
São sistemas baseados no consórcio de espécies que articulam a produção de alimentos com a restauração da vegetação nativa.
São sistemas baseados no consórcio de espécies que articulam a produção de alimentos com a restauração da vegetação nativa.
PLANTIO AGROFLORESTAL
atividade de educação ambiental
artesanato
A Barraca na Colônia Juliano Moreira reúne a produção das mulheres
Agricultores que guardam, multiplicam e transmitem através de gerações as sementes crioulas - aquelas adaptadas e selecionadas há décadas nas suas localidades específicas.