JORGE E CRISTINA
QUILOMBO CAFUNDÁ ASTROGILDA - VARGEM GRANDE, RIO DE JANEIRO


"É como fazer agricultura de uma forma que você integra ela junto com a vida. A agricultura que se faz convencional é totalmente diferente da que entendemos que é a real: que é a floresta e a água, é o solo onde você vive. Para que ele seja cuidado tanto quanto a vida, porque ele é vida também. "
Jorge, Quilombo Cafundá Astrogilda, Rio de Janeiro - RJ
Jorge Cardia e Cristina Correia dos Santos são agricultores do Quilombo Cafundá Astrogilda, localizado no Maciço da Pedra Branca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Jorge tem uma ancestralidade de agricultores quilombolas, sendo filho, neto e bisneto de quilombolas que viveram no território onde nasceu e cresceu, que hoje é demarcado como o Parque Estadual da Pedra Branca.
Jorge e Cristina são defensores da agricultura urbana, da preservação da natureza e da permanência da sua comunidade, que possui uma história centenária. A criação da unidade de conservação do Parque em 1974 resultou na proibição das atividades agrícolas, o que aumentou a insegurança sobre a posse da terra para as famílias. Anos mais tarde, em meio aos megaeventos que intensificaram as disputas pela terra urbana no Rio de Janeiro, o Plano de Manejo do Parque, publicado em 2012, previa a remoção dos quilombolas residentes no Maciço.
Entretanto, a luta coletiva, fortalecida desde os anos 2000 e baseada em processos de construção de memória no território, culminou no reconhecimento oficial do Quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 2014. Jorge e Cristina participam ativamente da Associação de Moradores de Vargem Grande (AMAVAG), da Associação de Agricultores de Vargem Grande (Agrovargem) e da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU).
ENTREVISTA
MORAR-PLANTAR NO QUILOMBO CAFUNDÁ ASTROGILDA
"Os espaços aqui não tem um espaço reservado só para agricultura e outro de floresta, é agricultura no meio da floresta, portanto, lá de baixo você não vê nada, mas aqui de perto você vê bastante coisa, e bom que seja assim, né."

1h de caminhada

entre-posto
casa

QUILOMBO
O reconhecimento do Quilombo Cafundá Astrogilda é resultado de uma longa e contínua luta pela permanência no território. Nas últimas décadas, essa batalha enfrentou desafios relacionados aos mecanismos de conservação ambiental que não levavam em conta as populações tradicionais e a importância de suas práticas agrícolas para a soberania alimentar e saúde da comunidade.
Jorge acredita que ainda há um extenso percurso a ser percorrido, com a construção de identidade e engajamento contínuo no território, a partir do resgate das práticas, histórias e memórias de seus habitantes.


AGRICULTURA TRADICIONAL
Jorge e Cristina contam que, no passado, os plantios eram manejados coletivamente, por meio de mutirões. Na época, cultivava-se aipim, feijão, milho além de fazer balão de carvão e lenha metro. Ao longo do tempo, as dinâmicas do Maciço e os arranjos produtivos-reprodutivos sofreram mudanças significativas. Muitas pessoas optaram por buscar emprego na cidade, e a agricultura foi gradualmente sendo deixada de lado.
Atualmente, há menos pessoas atuando como agricultores, que concentram seus esforços nos manejos de frutíferas, com destaque para o cultivo de caqui e banana.

NÚCLEOS DE PARENTESCO
O Quilombo é constituído por sete núcleos de parentesco espalhados pelo território, cujos nomes são em homenagem aos ancestrais, especialmente mulheres. Astrogilda, que dá nome ao Quilombo, é uma dessas figuras ancestrais. Jorge faz parte do núcleo Tia Mocinha/ Carmélio. Entre as pessoas próximas de Jorge e Cristina, o genro é quem mais se dedica à agricultura, enquanto seus netos acompanham e oferecem apoio, apesar de estarem distantes da atividade. Jorge reconhece que é um grande desafio manter os jovens envolvidos na agricultura e acredita que para isso é necessário desenvolver modelos de cooperação.
A CASA

Jorge e Cristina moram há 20 anos na mesma casa de sapê e contam que nunca a modificaram, pois entendem que construção sempre traz destruição ambiental. Eles trabalham em conjunto para transportar os alimentos ao percorrer quase 5 km até a feira. Essa tarefa é realizada em duas etapas: a primeira, no lombo de um burro, em uma jornada de cerca de 1 hora e a segunda etapa é concluída utilizando carro ou trator.




"a gente vive no mundo que a gente não sabe se cerca ou se é cercado, portanto eu não gosto de cerca, nem de muro. Porque quando você cerca, você não entende quem tá preso na história. Com esse pensamento ignorante eu gosto do lugar livre, com bastante liberdade"
Jorge, Quilombo Cafundá Astrogilda, Rio de Janeiro - RJ
entre-posto
casa

RAÍZES
Aipim.

HORTALIÇAS



GRÃOS
FRUTÍFERAS
ÁRVORES NATIVAS
Milho e feijão.
Caqui, limão, abacate, banana, laranja, cambucá, abacaxi e goiaba.
escala da produção
MERCADOS
INSTITUCIONAIS
FEIRAS
CESTAS/CSA
VENDA NO LOTE
TROCAS
AUTOCONSUMO
"Sou um agricultor que contribui com a natureza, com a vida, colaboro em tentar cultivar o espaço que vivo e passar alimentação de qualidade pras outras pessoas. Tento contribuir com a parte que entendo que seja melhor pra todos, pra mim, pra natureza, e pras pessoas."
Jorge, Quilombo Cafundá Astrogilda, Rio de Janeiro - RJ
Destino da produção de alimentos de Jorge
Frentes de comercialização não realizadas
COMERCIALIZAÇÃO

FEIRAS DA ROÇA DE VARGEM GRANDE E PONTO AGROVARGEM
Cristina é quem se dedica mais à comercialização da produção. Ela participa da Feira da Roça, Agroecologia e Cultura - FRAC, em Vargem Grande, organizada pela Rede CAU. Cristina e Jorge tiveram papel fundamental na organização e consolidação desta feira. Além disso, também vende alimentos no Ponto de Comercialização da Agrovargem, que também conta com apoio da Rede CAU e realiza entregas em alguns bairros da Zona Oeste.
" Nunca imaginava a importância de você ser agricultor, hoje tenho orgulho dessa parte, e queria que mais pessoas entendessem isso (...) A ideia de conhecer o agricultor é a melhor parte de tudo, saber de quem você compra, quando vem de outros lugares, você não sabe de onde passou, de quem é, como foi produzido, deveria ser mais valorizado, mas é outra história."
"Feira de domingo é muito bom para a gente ficar aqui batendo papo com os amigos. Eu gosto do que eu faço, acho que já acostumei com isso aqui, não sei fazer outra coisa. (...) Gosto do meu morro também. Enquanto as perninha aguentar, né? Mas já disse pro Jorge, mesmo se eu me aposentar a feirinha de domingo eu não deixo de fazer. "
Cristina, Quilombo Cafundá Astrogilda, Rio de Janeiro - RJ
Jorge, Quilombo Cafundá Astrogilda, Rio de Janeiro - RJ
percurso entre a casa de jorge e cristina, o entre-posto e a feira da roça de vargem grande: 4.174 m

casa
entre-posto
feira
percurso entre a casa de jorge e cristina, o entre-posto e o ponto agrovargem: 4.022 m

casa
entre-posto
agrovargem
Tecnologias sociais (TS)
Entendemos como tecnologias sociais (TSs) aquelas produzidas para atender às necessidades de quem as produziu, ou seja, orientadas para a reprodução da vida dos trabalhadores.
TSs adotadas

SALÃO DE BELEZA
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SANDRA E MARIDO
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FILHO, NORA E NETOS
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A Barraca na Colônia Juliano Moreira reúne a produção das mulheres
Forma de cultivo integrado que valoriza a agrobiodiversidade, o consórcio de espécies e as especificidades de cada solo e bioma e, portanto, Livre de agrotóxicos. Prioriza circuitos curtos de produção e consumo e baseia-se em relações de trabalho digno.
HORTA
AGROECOLÓGICA

COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

processamento/
beneficiamento de
alimentos
A Barraca na Colônia Juliano Moreira reúne a produção das mulheres

manejo de
plantas
medicinais


Tecnologias de saneamento que buscam o fechamento dos ciclos hídricos e de nutrientes.
saneamento ecológico

São sistemas baseados no consórcio de espécies que articulam a produção de alimentos com a restauração da vegetação nativa.
plantio agroflorestal

atividade de educação ambiental

artesanato


guardiã de sementes crioulas

reciclagem de resíduos sólidos


preservação da mata atlântica


SISTEMA PARTICIPATIVO DE GARANTIA
